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25th nov

2008

FRANCIS FUKUYAMA e a Visão Neoliberal

Caros Alunos

 

Em virtude da ESAF ter colocado o posicionamento do Professor Francis Fukuyama na última prova de AFRF de Direito Internacional Público, algumas pessoas têm me procurado para saber o real posicionamento dele, dessa forma aproveito a oportunidade para esclarecimentos.

 

Saudações

Professor Ahyrton Lourenço Neto

 

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BBG – 08 de fevereiro de 2006 10:40 PM

Assunto: 08

 

Caro Professor,

 

A respeito da questão 38 de DIP (AFRF), Francis Fukuyama, comentada belissimamente pelo Sr., saberia informar-me quando foi que Francis F. mudou de opinião quanto a sua defesa intransigente do neo-liberalismo?

 

Foi com o livro Construção de Estados (2005) ou já com o livro Nosso Futuro Pós-Humano (2003). Caso tenha sido com aquele, sabe informar-me ao certo quando foi lançado? (mês).

 

Gratíssima,

Beatriz

 

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Prezada Beatriz

 

Primeiramente agradeço as boas palavras a mim direcionada.

 

Quanto a sua dúvida, não podemos afirmar claramente qual é a corrente filosófica que o Professor Fukuyama adotou após o seu novo livro Construção de Estados – Governo e Organização no Século 21 (Rocco – 172 páginas), mas podemos, como fiz em minha defesa da questão da ESAF, declarar que ele não deve mais ser enquadrado como neoliberal, pois nessa obra ele passa “combater” alguns preceitos por ele mesmo esculpido desde O Fim da História e O Último Homem (1992).

 

O Livro Construção de Estados começa com um relato da importância da “estaticidade”, numa espécie de estudos sobre erros do Consenso de Washington, o que demonstra um certo deslocamento do posicionamento neoliberal por ele muitas vezes defendido.

 

A idéia principal do livro é explicar como se pode “exportar” instituições públicas eficazes a “Estados fracassados” de uma maneira que permita a transferência de certos benefícios à população.

Porém, Beatriz não tente buscar no livro uma proposta concreta para a solução dos problemas dos “Estados Fracassados”, abordados por Fukuyama, pois essa é justamente a crítica que se faz a essa obra, não existe a proposta para resolução dessa problemática, o próprio Fukuyama reconhece que se trata de uma questão “bastante complexa” que para ser resolvida precisa ser mais estudada por acadêmicos e formuladores de políticas governamentais.

 

Com certeza vale a pena ler esse livro, pois mais uma vez o Professor Fukuyama faz uso de uma linguagem clara e acessível para expor suas teses sobre política internacional.

 

Também vale a pena ler a reportagem que saiu na Folha de São Paulo, dia 06 de março de 2005, qual faz um brilhante resumo dessa obra. É aí que está presente a resposta do próprio Fukuyama na qual ele se intitula como fora dos que defendem o Consenso de Washington: “Assim, creio que um dos problemas do Consenso de Washington fosse que seus defensores se esqueceram da dimensão da ‘estaticidade’ relacionada à força do Estado, pois há funções residuais estatais que não podem ser negligenciadas. Nos países em desenvolvimento o problema era, nas décadas de 80 e 90, que o Estado era muito fraco e, por isso, não conseguia impor suas regras à sociedade. Era, portanto, preciso acrescer a força do Estado, não apenas reduzir seu escopo, como preconizava o Consenso de Washington”.

 

Beatriz parabéns pelo empenho na busca constante do aprendizado.

 

Cordialmente.

Professor Ahyrton Lourenço Neto

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